segunda-feira, agosto 15, 2011

DE “SIM, PODEMOS” A “AGORA DEVEMOS”, PARA CONSTRUÇÃO DE UM MUNDO MELHOR

DE “SIM, PODEMOS” A “AGORA DEVEMOS”, PARA CONSTRUÇÃO DE UM MUNDO MELHOR
(Research Note AYR) Lisboa, 7 de Junho, 2011

A Science of the Time classifica “Empower Me” como uma “Sticky Trend”: isto é, uma tendência que resiste ao tempo e evolui continuamente com o passar dos anos. “Empower Me” significa muito mais do que apenas responsabilidade e poder, na linguagem empresarial. “Empower me”, na visão do que os consumidores estão a dizer – ou melhor, a pedir – é que lhes sejam dadas as ferramentas e os recursos que lhes permitam desenvolver a nível pessoal, profissional, e agora, mais do que nunca, politicamente, formas de serem capazes de melhor contribuir para si mesmos, para as suas famílias, para as suas comunidades e (porque não?) para o mundo em geral.

Outra “Sticky Trend” identificada e classificada pela Science of the Time é “A Better World”, que se traduz num optimismo realista, focado e activo que é colocado em prática, não só para tirar o mundo da miséria em que se encontra actualmente, mas também, e fundamentalmente para mudá-lo de maneira mais permanente e evitar – ou pelo menos, minimizar – os desastres éticos, ambientais e financeiros que o afligem por tanto tempo.
E, mais do que a ligação entre estas Tendências, que as suas definições estabelecem, o que está a acontecer é que elas se estão a tornar cada vez mais indissociáveis e interdependentes uma da outra, particularmente nas sociedades estabelecidas ou emergentes.

Esta afirmação pode ser explicada e suportada por recentes factos e eventos, começando pelo extraordinário ressurgimento do orgulho e da autoconfiança da América em si mesma, despoletada pela eliminação de Osama Bin Laden e o desmembramento da Al Qaeda e sustentada também, de forma silenciosa e constante, pelos triliões de dólares que a administração Barack Obama tem vindo a injectar na economia para gerar uma recuperação há muito desejada. Desta forma, deu-se uma forma tangível ao “Yes we can”, que se tornou mais do que um slogan de campanha política, o impulsionar do momento de regeneração que a economia Americana tanto precisa. A morte de um terrorista mítico, que levou o medo e a insegurança aos corações da América e do mundo em geral, transforma-se na crença em um renascimento da América como o padrão mundial sustentável a nível industrial, financeiro e moral, suportada pela vontade de que isto ocorra e ainda com recursos para que isto ocorra e se mantenha a longo prazo. Uma passagem do “Sim, podemos fazê-lo”, para o “Agora devemos fazê-lo”.
Mais evidências vêm do Brasil, onde o recente boom económico, está a ser impulsionado por uma nova classe média de 35 milhões de novos consumidores ávidos para ter acesso a coisas que até agora estiveram fora do seu alcance criando, desta forma, um mercado interno que tem vindo a receber grandes quantias de investimento, quer estrangeiro quer local. Esta riqueza criada recentemente gerou um visível “orgulho em ser brasileiro”, como pode ser verificado no uso alargado e visível de matérias-primas, cores e sabores nacionais em áreas como arte, moda, culinária, engenharia, arquitectura, manufactura etc. No entanto, o aumento dos preços, se não for controlado e até coibido regularmente poderá criar um “efeito bolha” que colocará em risco as grandes expectativas que muitos têm relação a um futuro melhor naquele país. E para evitar isto, mais do que recear esta nova prosperidade ou simplesmente “seguir a corrente”, têm sido identificados diversos movimentos com origem genuinamente popular e englobando todas as camadas sociais, que têm por objectivo criar condições para permitir que ainda mais pessoas consigam ter acesso à nova classe média, mas também dar-lhes ferramentas para que continuem a desenvolver-se pessoal e profissionalmente e passarem de “passageiras do boom”, para “geradoras e continuadoras de crescimento”. Estes movimentos advêm da procura de uma maior aplicação do orçamento nacional na saúde e educação (que continuam a ser grandes problemas) a programas de cidadania com tópicos que vão desde a reciclagem à vigilância e denúncia de corrupção e que, se realizados de forma correcta, só trarão melhores e mais sustentáveis condições que serão valorizadas preservadas por todos. Como tal, os brasileiros passaram do “Sim, eu posso construir uma sociedade melhor” para o “Agora tenho que dar continuidade a isto”.

Mas todo o acima não aparece de repente, e nos casos referidos, exige dos políticos, finança e empresários a coragem e nervos de aço para criarem visões e implementarem estratégias de longo prazo – que vão contra a corrente do imediato, que ainda prevalece na maioria dos países – e que, ao longo de mais tempo do que normalmente se espera, acabarão por beneficiar mais e mais pessoas, o que, por sua vez, os fará reconhecidos e valorizados pela população em geral.
Barack Obama provou que tem a coragem e os nervos de aço, e agora seria de espantar se os Americanos não lhe dessem um apoio esmagador e não tivessem um empenho redobrado na recuperação económica que a América – e, por associação inevitável, o mundo - merecem. A edição especial de 20 de Maio da revista “Time” intitulada “O Fim de Bin Laden” analisa, expõe e suporta este ponto de maneira elegante, profunda e exaustiva.

Lula da Silva também soube desafiar e vencer muitas convenções, e agora os frutos da sua visão deverão ser cuidadosamente cuidados e levados adiante por Dilma Roussef para que se consiga criar um crescimento sustentável que colocará o Brasil permanentemente no mapa dos grandes e no qual a maioria dos brasileiros saiba e consiga transformar o eterno “país do futuro” num país do presente e do futuro. Isto é extensivamente, intensivamente e vibrantemente suportado por artigos na imprensa diária ou semanal brasileira

Em suma, cidadania e progresso conjugados podem levar-nos para um Mundo Melhor. Mas para que eles consigam funcionar harmoniosamente e produzir resultados sustentáveis devem ser precedidos e possibilitados pelo Empowerment como a Science of the Time a definiu. Assim, recai mais do que nunca sobre os políticos a responsabilidade de substituir as práticas clientelistas e de curto prazo por uma postura e prática de estadistas, cujos padrões e acções justifiquem para a maioria da população o porquê de terem sido postos no poder para que se sintam “empowered” na construção de um futuro melhor para todos.

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