sexta-feira, julho 17, 2009

Cooltura - por Dora S Silva

“Cooltura”, segundo Luís Rasquilha, e outras provocações pessoais
Posted by Dora Santos Silva under cultura, indústrias criativas, indústrias culturais | Tags: cooltura |

http://culturascopio.wordpress.com/2009/07/09/%e2%80%9ccooltural%e2%80%9d-segundo-luis-rasquilha-e-outras-provocacoes-pessoais/

O termo “cooltura” foi lançado em tom provocatório por Luís Rasquilha no primeiro evento sobre “Novas Tendências da Cultura”, promovido pela Agência Inova em parceria com o Museu do Fado, no passado dia 2 de Julho.
Segundo este gestor de comunicação, professor “por caso” e estudioso dos comportamentos do público e tendências a nível mundial, em particular na área da cultura, esta tem de passar a ser “cool”, isto é, “atractiva, inspiradora e com capacidade de crescimento”. Partindo da premissa de que a coolturalização é uma tendência mundial que concorre lado a lado com outras tão mais visíveis como as alterações climáticas, Luís Rasquilha partilhou algumas ideias com a audiência, constituída, na maior parte, por gestores culturais, das quais realço algumas:
• a de que o produto cultural tem de passar a ser trabalhado como uma marca (estudos indicam que esta psa 70% na escolha dos consumidores);
• a de que a comunicação cultural tem de deixar de ser somente informativa, mas “atractiva e inspiradora”, ou seja, centrada no benefício, conseguindo responder à questão básica do consumidor “o que ganho eu com isto”?
• a de que a cultural deve ser paga, para lhe ser atribuída valor;
• a de que os gestores culturais têm de ter estratégias de comunicação que extravasem a publicidade tradicional.
Luís Rasquilha exemplificou alguns destes pontos com campanhas culturais desenvolvidas recentemente no âmbito das “branded arts” e desta noção alargada de cultura, inserida, lá está, no contexto das indústrias culturais e criativas, que tenho vindo a defender: casos da campanha do filme “Blood Diamond”, integrando “intelligent graffit”, da instalação “Rio de Janeiro Favela Art” ou da campanha “Ipod MyBaby”.
A estes pontos, acrescento outras provocações pessoais, as quais tive oportunidade de partilhar na altura:

• são os próprios gestores culturais portugueses que têm de dar o passo para a “cooltura” (em boa verdade, a visão de cultura elitista, que vale só por ser “cultura”, é alimentada quer por alguns artistas quer pelos próprios promotores);
• é necessário disseminar a ideia de que um produto cultural tem de ser tratado como uma marca, objecto de estratégias de marketing e de campanhas inovadoras, e que tem de ultrapassar definitivamente o crivo adorniano da “indústria cultural”.
• é essencial ter em conta que a criatividade não é somente um impulso artístico, mas uma ideia inovadora, que tem (e esse é o elemento diferenciador) uma funcionalidade;
• a cultura também necessita de logística (este último ponto surge na sequência da celebração do aniversário de um conceituado espaço cultural há uns dias que optou por “oferecer” bens e serviços culturais aos seus públicos, sem se preocupar com as mínimas questões logísticas, nem mesmo pequenos caixotes de lixo para colocar os copos de cerveja que se iam amontoando no chão… A ecologia também é uma tendência cultural).

terça-feira, julho 07, 2009

AYR Web Site online

http://www.ayr-consulting.com/

Encontra-se já on-line o nosso web-site da AYR. Visitem, comentem e registem-se na Newsletter.

Obrigado a todos aqueles que estão a tornar possível o sonho.

LR

sexta-feira, julho 03, 2009

CoolHunters

Uma câmara fotográfica, um caderno de apontamentos, muita curiosidade e extrema sensibilidade: as principais características de quem se dedica a identificar tendências com o objectivo de encontrar, em grupos restritos, elementos que possam ser massificados. São eles que ditam o que vai ser moda amanhã. São CoolHunters.

Não há muito tempo atrás, um dos objectivos de viajar para fora era comprar o que fosse diferente do que tínhamos no nosso país. Mas por culpa da globalização isso acabou. Hoje em dia, se comprarmos uma t-shirt em Milão, Nova Iorque, ou Tóquio, só o preço muda.

Recuando um pouco na história, nos anos 50 surge em Paris o “negócio” das tendências de moda, com o intuito de ajudar a indústria têxtil a ir ao encontro das novas exigências do mercado pós-guerra. Nesta altura, nascem os primeiros observadores de tendências. Eram pessoas muito viajadas, jornalistas de moda, ou influentes na sociedade, que procuravam melhorar o look e a qualidade dos produtos estandardizados. Começaram por fazer apenas pequenas sugestões baseadas em quadros de cores e alguns esboços. Com o passar do tempo as suas recomendações tornaram-se mais elaboradas, surgindo os primeiros gabinetes especializados em tendências.

Actualmente, os métodos de antevisão de tendências são quase idênticos aos que se praticavam nos anos 50: combinação de intuição, viagens frequentes, consciência de styling e fazer shopping fora do país; adicionando os quadros de cores e texturas, que se apresentam hoje em dia mais up-to-date, e em formato de trend books.
A Promostyl e a Peclers, criadas em 1960 e 1970 respectivamente, foram as duas primeiras agências de pesquisa de tendências globais a surgir. Ambas com sede em Paris e com uma extensa rede em todo o mundo, são consideradas uma referência neste campo. Conhecidas pelos seus Trend Books (livro que resulta da compilação de influências, cores, padrões, tecidos, logótipo, esboços, fotografias… divididos por temas super detalhados e ilustrados e ainda adaptados a cada tipo de mercado), estas agências apresentam soluções com 18 ou 24 meses de antecedência.
Os CoolHunters são elementos fundamentais para a elaboração destes Trend Books. Sempre acompanhados de uma câmara fotográfica, um caderno de apontamentos, muita curiosidade, extrema sensibilidade, maioritariamente jovens: estas são as principais características da nova vaga de profissionais que andam na estrada sempre atentos a tudo, observando o que se passa em seu redor, com o objectivo de identificar, em grupos restritos, elementos que possam ser massificados.

Muitas vezes questionamo-nos de onde surgem todos estes movimentos sócio-culturais que arrastam toda a sociedade numa só direcção. Diariamente apercebemo-nos destas mudanças. Na vida quotidiana é notável uma mutação de comportamentos, valores, estilos de vida, que têm progressivamente adquirido um nome: tendências. Foram surgindo, assim, especialistas em tendências, bem como empresas de consultoria e antecipação das mesmas, como é o caso da AYR Consulting (Achieving Your Results), que entrou no mercado português em Janeiro de 2009. De modo geral, são analisadas as transformações globais, a convergência de culturas, o aparecimento de novos valores e a importância dada ao consumo pela sociedade contemporânea. No fundo, estes são os factores que as marcas procuram saber e nos quais se baseiam quando são criados os seus produtos e serviços, afim de os individualizar satisfazendo as necessidades, cada vez mais exigentes, do consumidor.

Para atrair mais consumidores, e para além do uso de estratégias de marketing e comunicação, as empresas recorrem muitas vezes aos CoolHunters. Este recurso tem como objectivo construir um imaginário e uma imagem exclusiva e única: elementos fundamentais para qualquer empresa de sucesso. Esta é uma nova figura que tem como função trabalhar todos os sectores etiquetados de lifestyle, um conjunto de símbolos provenientes do design, da moda, da tecnologia, arte… A tarefa dos CoolHunters está em partilhar os valores, as linguagens e os estilos de vida próprios das tribos de consumo. São pessoas com forte vocação criativa para captar sinais de renovamento proveniente das sub–culturas mundiais. São observadores atentos aos comportamentos e necessidades da sociedade, estão em constante actualização, localizam tendências aplicadas a todas as áreas. São pessoas de sensibilidade extrema, observam e analisam tudo o que lhes desperta os sentidos (por ser diferente e interessante), anotam opiniões de desconhecidos que influenciam as atitudes de um grupo (designados por trendsetters), navegam em blogs, websites e comunidades virtuais, andam pela estrada e viajam frequentemente, analisam as montras (com visão crítica), frequentam locais novos para perceber as suas influências e inspirações, discotecas, transportes públicos, mercados, recolhem fotografias, prospectos, programas de concertos, frequentam teatros e galerias, interessam-se por arte, passam tudo a pente fino sempre à procura de criatividade.

A última tarefa a fazer, após todo o intensivo trabalho de campo realizado pelo CoolHunters (designado por CoolHunting), é reunir e compilar todo o material adquirido até então, para posteriormente ser analisado no interior das empresas por especialistas ligados a vários sectores, nomeadamente Marketing, Consumo, Sociologia, entre outros.

Com a importante ajuda dos CoolHunters consegue-se, actualmente, antever o mercado de consumo futuro. Assim, é com base na pesquisa efectuada por estes profissionais de “última geração” que as marcas podem ter uma visão mais real e actualizada do percurso que devem seguir para alcançar o sucesso.

Por Bruno Brazão
http://www.ruadebaixo.com/cool-hunters.html